O seringueiro e a sua jornada de trabalho:
Já são 3 horas da madrugada e lá do terreiro o galo canta, o arigó ainda sonolento se levanta da rede, apoiando os pés no chão frio a procura das botinas feita da péla de borracha, com uma lamparina acesa na mão vai seguindo os passos até a cozinha e vai descendo a escadinha de paxiuba. Prepara pra fazer o aceiro do fogo com gravetos e pedaço de sernambi risca e com um isqueiro metálico encosta a chama do isqueiro no sernambi o clarão do fogo começa a atiçar juntos dos gravetos e botar lenha pra queimar que chegava a dá estalos. A leiteira com água pra ferver e preparar o delicioso café e da cozinha o cheiro e aroma do café exalava e invadia por todos os cômodos da simples tapera.
Um gole de café e outro, o arigó como de costume já tragando seu cigarro ou ronca peito e soltando fumaça pra espantar mosquitos, os utensílios de trabalhos em mãos, uma espingarda cartucheira 16 com cinta nas costas, uma estopa, o terçado embainhado na cintura, a poronga com lampião aceso acoplado com suporte de alumínio na cabeça, a faca "cabrita" de cortar seringa, um balde de alumínio e tigelinhas flandres e com seu fiel amigo cachorro de nome biloto, os dois deixam o tapiri de palha e paxiuba construído em meio à floresta.
A chama acesa acoplado na poronga vai clareando as estradas de seringas e sai percorrendo, no caminho o arigó sai cortando ou talhando os troncos das primeiras árvores seringueiras e encaixando as tigelas para aparar o leite da seringueira e só depois voltar para recolher toda a produção do dia e fazer mais outro trabalho, a defumação da borracha que é o mais duro processo da produção do borracha.
Aguentar aquela fumaceira ácida nos olhos é muito sofrido e doloroso. Nos seringais é assim, na tapera onde vivem o seringueiro, sua mulher e mais filhos, depois de poucos meses a mulher já tá "buchuda" só que no seringal a mulher quando está de barriga não pode acompanhar o marido na extração do látex e nem podia ficar sozinha na casa pois o perigo de bichos como a onça pintada e cobras peçonhentas. Pior era o ataque dos morcegos que de noite sobrevoavam pra la e pra cá à espera do pessoal dormirem e pronto pra dá o bote, ou melhor sugar o sangue de quem vacilar dormindo sem o seu lençol e ao amanhecer fulano já foi sugado pelo morcego.
IMAGENS
Comentários